Conheça o caminho para se tornar uma FoodTech
Empresas muito tecnológicas se envolvem na cadeia de produção do alimento a fim de solucionar desafios do segmento por meio de inovação, acelerando mudanças importantes para o setor
No radar dos investidores, o setor alimentício deu um salto nos últimos anos estimulado pela tecnologia. Uma leva de novos negócios têm reinventado a relação de muitos consumidores, especialmente com os alimentos frescos e saudáveis.
A ampliação dessa demanda deixa cada vez mais claro algumas dificuldades impostas a quem empreende no modelo de agricultura convencional que o país utiliza. Pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra, por exemplo, que os maiores desafios dos produtores orgânicos são a falta de insumos apropriados, comercialização, assistência técnica e a logística.
Mas algo vem mudando. Nos últimos anos, as foodtechs, startups que utilizam recursos eletrônicos para proporcionar ao consumidor uma experiência diferenciada – seja na qualidade do alimento consumido ou na comodidade da entrega, têm criado novas possibilidades ou modernizado processos de empresas já estabelecidas.
O mesmo estudo do Sebrae sugere que esses entraves abrem grandes oportunidades na indústria alimentícia, com consequências potencialmente transformadoras do mundo.
A sustentabilidade é uma delas. O desperdício de alimentos é a terceira maior oportunidade econômica inexplorada, de acordo com a consultoria McKinsey. Outra lacuna é a venda de alimentos frescos na internet para aliar qualidade, expectativa e logística.
Fazer essa conexão entre produção e tecnologia é o objetivo do movimento das foodtechs que propõe que essas partes passem a se relacionar para levantar possíveis respostas a tantos desafios, possibilitando um futuro alimentar mais sustentável para a população.
Para isso, a importância da colaboração e parceria entre organizações, universidades, indústrias, startups e demais empreendedores para a inovação em cadeia - a diversidade de matéria prima, as novas tecnologias e os modelos de produção, trazendo sempre o ponto de vista diferente de cada um.
Avançar como uma FoodTech exige uma imersão da empresa em dois universos, o de tecnologia alimentar e de startups. Participar de eventos, descobrir novos métodos e conceitos, criar parcerias e encontrar formas de posicionar um negócio tradicional num mercado inovador.
A experiência da Pink Farm mostra que o caminho é possível. Aquela ideia de que garantir volume e recorrência de vendas só seria possível tendo grandes plantações já não faz mais sentido.
Fundada em 2017 e instalada em um galpão de 750 metros quadrados com sete andares de plantação, na Vila Leopoldina, em São Paulo, a Pink Farms é especializada em folhagens, como verduras, e referência nesse modelo de negócio chamado de agricultura vertical. A empresa distribui para varejistas como Eataly, Oba e Mambo.
Nesse formato, clima, luz e temperatura são monitorados para atender as particularidades de cada espécie plantada, o que torna toda a produção mais segura e controlada.
Inspirada em modelos americanos, como a Plenty, que já recebeu aportes até de Jeff Bezzos, CEO da Amazon, a Pink Farms segue o conceito de fazenda urbana. E é justamente nisso que se dá seu diferencial. Com o cultivo sendo feito no coração da capital, bem próximo dos consumidores, o negócio consegue garantir não apenas frescor dos alimentos, mas também maior qualidade porque são cultivados sem a utilização de qualquer tipo de agrotóxico.
Sua produção é feita com uma redução de 95% do consumo de água, em comparação às lavouras a céu aberto, e a capacidade de plantio é cem vezes maior se comparada ao cultivo tradicional, no campo.
Grandes salas hermeticamente fechadas, estruturas que abrigam diversos tipos de folhagens, e utilização de luz de LED que, na sua composição, se torna rosa, substituindo o papel da iluminação solar.
O aperfeiçoamento de ferramentas, uso de internet das coisas, ciência de dados e o cultivo vertical criam o ambiente perfeito para cada produção, tornando menores as perdas, o custo logístico e, de quebra, levando o alimento para mais perto do consumidor e eliminando o conceito de sazonalidade.
“Ao olharmos o mercado e a cadeia produtiva de hortaliças no Brasil, tivemos surpresas bastante negativas, principalmente por sua baixa eficiência, com perdas pós-colheita que chegam a 40%”, diz Geraldo Maia, cofundador da Pink Farms.
Além de reduzir o desperdício e superar a questão da sazonalidade, Maia diz que cada espécie é extensamente estudada para entender as condições perfeitas para o seu crescimento, eliminando 100% do uso de agrotóxicos.
Com menos manejo e intervenções, há uma redução na quantidade de intermediários, tempo, perdas e impacto gerado pela cadeia.
“Nosso plano é, nos próximos anos, consolidar a Pink Farms como a maior produtora de folhosas da América Latina, quadruplicando nossa capacidade atual de produção de 30 toneladas por ano”, diz.
fonte: Diario do Comercio
POR: Mariana Missiaggia
FOTO: Pixabay