A Reforma da Previdência foi aprovada. E agora?
Melhorar o ambiente de negócios deve ser um dos reflexos, segundo o presidente da ACSP e da Facesp Alfredo Cotait Neto. Mas só a combinação de um conjunto de reformas trará a credibilidade necessária para atrair investidores para o país
A mobilização deu certo. Após meses de campanha das 420 associações comerciais ligadas à Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) em apoio à Reforma da Previdência, ela finalmente foi aprovada no Senado na noite da última terça-feira (22/10).
Mas, além do equilíbrio fiscal, na prática, o importante é avaliar como essa reforma deve impactar o atual cenário econômico – e em especial, os empreendedores, na opinião de Alfredo Cotait Nero, presidente da Facesp e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
A questão hoje no Brasil, que tem dificultado o desenvolvimento da economia, e em consequência, de os empreendedores desenvolverem seus negócios, segundo Cotait, é que o governo está com um desequilíbrio fiscal da ordem de R$ 127 bilhões.
“Essa é uma sinalização de que o estado está gastando acima da sua capacidade de gerar receita”, afirma. “Portanto, nenhum empresário, empreendedor ou investidor aporta recursos quando um pais está numa situação dessas, porque isso é sinal de falta de credibilidade.”
Isso posto, a Reforma da Previdência, que era um item importante para essa mudança, dá um passo inicial de credibilidade aos potenciais investidores internos, e principalmente externos, ao sinalizar que o Brasil está tomando as providências necessárias para buscar esse equilíbrio fiscal, lembra Cotait.
Mesmo após diminuir de R$ 1,2 trilhão de economia que a Reforma traria em dez anos, de acordo com a proposta inicial, para R$ 800 bilhões após as discussões na Câmara e no Senado, o andamento da reforma sinaliza um esforço do governo em acertar as contas, afirma.
Não ainda não é suficiente: segundo o presidente da Facesp e da ACSP, é preciso que venha, na sequência, a reforma administrativa, que é claramente de corte de gastos públicos. Depois, a reforma tributária mas não para trazer mais aumento de tributos, e sim uma simplificação.
“A ideia é que o conjunto das reformas dê aos investidores a sinalização que o Brasil está se colocando numa situação de que estará pronto para recebê-los”, destaca.
Soma-se a isso, segundo o presidente da ACSP, a queda da taxa de juros, que vai estimular quem tem recursos para investir, a acelerar o processo de crescimento econômico.
“É o que nós precisamos para gerar renda, empregos e, a partir daí, diminuir o dramático quadro de desemprego, de mais de 13 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho, e outros tantos desalentados. É o único processo, não tem outro”, reforça Cotait.
Para o empreendedor no “balcão”, que está lutando para subsistir no dia a dia do seus negócios, segundo o presidente da Facesp e da ACSP, a aprovação da reforma, na prática, não causará nenhum efeito imediato além da sinalização de que o governo está fazendo sua parte para resgatar a credibilidade do país.
“Se o governo não fizer isso, não existe investidor que vá optar por aportar recursos no Brasil, e sim em locais que lhe deem segurança nesse investimento”, diz Cotait. “Mas é um processo, que deve gerar uma melhora na economia e no ambiente de negócios como um todo daqui para a frente”, acredita.
FONTE: Diario do Comercio
POR: Karina Lignelli
FOTO: Marcos Oliveira/Agência Senado *Com informações do Estadão Conteúdo